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domingo, 24 de janeiro de 2010

A mídia e o consumismo. Como pará-los?




Sou órfão dos áureos tempos da TV manchete. Quem nunca viu Cavaleiros do Zodíaco, Yu Yu Hakusho e Shurato? A hora de ver desenho animado era sagrada.

Parava de ler, estudar e até de brincar para ver aqueles heróis salvando o dia. Por mais que eu acuse a mídia de estar iludindo a população, não há como negar que ela já faz parte do cotidiano. Até mesmo do meu. Digo o mesmo da propaganda e do consumo.

Qual é a menina que nunca se achou o máximo por desfilar com aquela bolsa fabulosa? Eu, por exemplo, me sinto o maior gato quando me encaro na frente do espelho com uma camisa vermelha (adoro o vermelho!) e uma calça jeans. É ruim sentir vontade de querer ter o mesmo penteado daquela famosa atriz da novela? O que diferencia a vaidade saudável da superficialidade? Sou alienado por não conseguir parar de acompanhar a novela? Há algo de errado por eu gostar de ouvir pagode e ficar horas e horas bisbilhotando o orkut? É que esse o melhor assunto que encontrei para responder as críticas e ofensas que certas pessoas estão fazendo contra o blog. Além disso, como sempre, aponto soluções relacionadas com o desemprego, violência, corrupção, falta de cultura e como combater as mais diversas formas de poluição e degradação ambiental. Como de costume, vamos começar com um exemplo bem simples. O padeiro não prepara o pão por amor ao estômago do cliente. Ele faz isso porque precisa de dinheiro. Logo, uma sociedade não funciona sem o lucro. E se a propaganda é a alma do negócio, como pode existir desenvolvimento sem a busca pelo dinheiro e sem a propaganda? A mídia, a televisão, o rádio e o cinema fazem parte dos nossos dias. Eu, desde pequeno, convivi com a minha “babá eletrônica”, a tal da televisão e aprendi a amar desenho animado. Agora, começa o problema. Segundo os críticos do meu blog, meus textos estão propondo que a sociedade precise abrir mão do consumismo e da propaganda para que o meio ambiente seja preservado. E meu ponto de vista é errado e simples demais. Uma pequena solução para um grande problema.

Como, por exemplo, uma empresa de telefone celular irá sobreviver se não pode produzir e vender? Sem a propaganda, uma marca não sobrevive, o consumidor acaba comprando outra da concorrência. Se ocorrer o contrário, ou seja, se a empresa produzir, vender e lucrar, metais e outros elementos químicos (recursos naturais) estarão mais próximos da extinção. O aumento do consumo gera esse tipo de conseqüência. O número de consumidores cresce na mesma proporção da influência da propaganda.

Como a concorrência não perdoa e o consumidor busca cada vez mais novidades, novos celulares entupirão as prateleiras para satisfazer os desejos e delírios dos consumidores. Os velhos celulares serão transformados em sucata. Assim acontece.

Tudo, um dia, se torna obsoleto e ultrapassado. Do pó ao pó. A televisão de plasma de hoje é o lixo de amanhã. Iludidos pelos sonhos consumistas, torturamos a nossa Mãe Terra. Tem até um outro com vergonha de dirigir pelas ruas porque seu carro, apesar de ser novo, é popular. Volto a afirmar. Não é apenas a nossa juventude que está mais parecida. A sociedade como um todo está falando sobre os mesmos assuntos, vestindo as mesmas roupas, pronunciando as mesmas gírias e agindo de forma idêntica. A última eliminada no Big Brother Brasil e que agora será capa de alguma revista pornográfica, as fofocas sobre famosos e qual é a última “celebridade instantânea” que a mídia criou são os nossos assuntos prediletos. Aparece uma apresentadora usando bolsinha de determinada marca e uma multidão de fãs quer ter o mesmo. E então... Em nome do “dinheirinho”, a propaganda torna as pessoas cada vez mais estúpidas e inocentes. O problema maior trazido com esse modelo de produção é a agressão contra o meio ambiente. Qualquer forma de produção poluiu, gera resíduo ou desgasta o meio ambiente. E agora? Vamos por partes, como diria Jack Estripador. Vamos, primeiro, resolver o problema da falta de cultura. Não há nada de errado na mídia. A televisão foi feita para divertir e não para iludir. Precisamos de telespectadores críticos e que mesmo assistindo a televisão, saibam “peneirar” as informações. Esse é o “x” da questão. Televisão serve para divertir... E não para iludir. É o povo que se deixa iludir. A escola tem um papel fundamental para formar telespectadores críticos. O que acontece é que ninguém (ou quase ninguém) se interessa por dígrafos, teorema de Tales, enzimas, células e literatura. Afinal, onde é que o aluno vai usar tanto e tanto conteúdo? A escola, um local que deveria formar pessoas críticas, acabou-se tornando um local chato. Tenho notado, por exemplo, que as televisões, jornais e demais veículos comunicativos sempre vinculam notícias relacionadas com a falta de respeito por parte dos nossos jovens.

Ser professor não é nada fácil. Lembro, por exemplo, que vi uma entrevista feita a um professor de escola pública. Ele mencionou que é uma profissão ótima, gratificante e ao mesmo tempo, uma tortura. Imagine o descontentamento de um professor ao precisar passar quase a metade da aula pedindo a atenção dos alunos. A aula fica improdutiva. E não é só isso. O Bullying é outro problema relacionado com o descaso do aluno em relação aos estudos. Agora, vou bancar o papel do advogado do Diabo e defender o aluno para mostrar que a escola também precisa mudar para se tornar agradável. Certa vez, eu tive aula com um excelente professor de matemática. Como trabalhava em colégio particular, o sujeito ganhava razoavelmente bem. Sempre vinha para a escola com bicicleta e um dia, perguntei o porquê dele não comprar um carro. O meu mestre mencionou que através de um cálculo chamado “juro composto”, ele descobriu que dentro de uns 2 meses, as prestações iriam aumentar e não valeria a pena. Ter carro não é nada barato. Ele só iria usá-lo para ir da casa até a escola e ia gastar uma fortuna com prestações, impostos e manutenção. E determinar se a compra é viável ou não pode ser feito através do “juro composto,” uma equação bem simplesinha. O pior mesmo foi que eu tinha tirando uma boa nota sobre esse tema e não conseguia nem enxergar aquelas equações como forma de ganhar e economizar dinheiro. Dê 1 milhão de dólares para a pessoa que tirou o primeiro lugar no vestibular. Será que ele vai saber administrar tudo isso? Pergunte, por exemplo, para qualquer estudante bom em biologia se ele sabe o porquê dele precisar estudar o que é uma mitose que é um importante tema da biologia.

Estudante é assim mesmo. Sabe tudo na hora da prova e esquece de tudo depois. Se nem bons estudantes conseguem imaginar a relação entre estudo e prática, é lógico que a escola vira um local chato para se freqüentar. Não se prepara o aluno para o mercado de trabalho. Aqui no nosso país, ser “nerd” não é sinônimo de “futuro promissor.” Diploma não é garantia de sucesso profissional. Agora, ficou fácil de entender o porquê de o brasileiro ser visto como povo sem cultura, manipulado pela televisão, preguiçoso, acomodado e inimigo do meio ambiente. A resposta para o nosso dilema é a educação integral. Imaginem, por exemplo, que bom seria se um estudante, depois de permanecer uma manhã intera estudando, ficasse a tarde toda também, até a noite na escola. Ele poderia freqüentar aulas de reforço para tirar as dúvidas ou algum curso técnico. Seria bárbaro um curso técnico de matemática financeira onde o estudante aprenderia como usar a matemática para faturar. Equações, juros simples, juros compostos, investimento, gráfico e porcentagem seriam temas a serem tratados nas aulas. Ou seja, os cursos técnicos serviram para que a aluno aprendesse uma profissão. A trigonometria e a geometria analítica seriam temas para serem ensinados num curso para pedreiros.

Cursos para os amantes da informática trabalhariam com números complexos. O curso técnico seria importante para mostrar, na prática, a função dos conteúdos aprendidos na escola. Nas aulas de filosofia, por exemplo, o professor deveria ensinar como paquerar, fazer amigos e conservar a auto-estima. Isso mesmo! Uma sociedade crítica, próspera, com vontade de crescer e com uma perfeita saúde mental seria uma conseqüência natural da adoção dessa proposta. Um aperto no coração me aflige quando vejo adultos inseguros, solitários, fracassados, infelizes e sem nenhuma perspectiva de crescer emocionalmente e profissionalmente. Isso deve mudar! Crescer profissionalmente, ganhar dinheiro, como ter uma profissão e administrar o dinheiro deveriam ser coisas aprendidas desde cedo. Uma das funções a escola é fazer com que o aluno queria crescer como profissional. Um aluno permanecendo um dia inteiro na escola aprendendo nos cursos técnicos ou em aulas de reforço jamais correria o risco de se misturar com gangues, drogas ou péssimas influências. Provavelmente, os índices de criminalidade iriam diminuir. As pessoas não deixariam que a televisão tomasse conta de suas vidas. Com a educação integral e mostrando temas realmente interessantes, as pessoas se tornariam consumidores críticos, dispensando o consumismo desnecessário e preferindo a mercadoria produzida pelas empresas que se preocupam com o meio ambiente como aquelas que preferem reciclar e reutilizar ao invés de buscar novos recursos naturais. O ideal não é parar com o crescimento econômico ou a propaganda.

Precisamos de um novo tipo de consumidor, um que seja mais atento e crítico. Essa é a revolução cultural que o meio ambiente precisa e ela vai começar quando a escola se tornar interessante. Afinal, a produção cultural começa na escola. O leitor que estiver lendo esse texto até pode estar se perguntando “e quem não quiser freqüentar os cursos técnicos ou as aulas de reforço? Será que não haverá muito conteúdo para ser estudado?” Nesse caso, há a oficina de educação artística. São locais onde o estudante tem a oportunidade de desenvolver atividades alternativas como esportes, poesia, cinema, pintura e teatro. Um estudante poderia optar por freqüentar uma escolinha de futebol, ou de basquete, ou aprender a escrever poesia, ou técnicas de como escrever um roteiro de cinema, ou como atuar, perder a vergonha perante uma platéia ou técnicas de pintura seriam ótimas alternativas. Isso seria outra forma de semear a revolução cultural.

Garotos aprendendo a desenhar mangás (revistinha japonesa) ou revistinhas em quadrinhos... Meninas aprendendo a escrever poesia, romance ou costurar... Estudante se interessando em escrever roteiros para cinemas. A escola precisa ser um local gostoso para freqüentar. Claro que só aluno com notas boas poderá freqüentar os cursos técnicos ou as tais oficinas de educação artística. Quem não quiser estudar em aula de reforço ou nos cursos técnicos, poderão ser se divertir nas oficinas de educação artística. O ideal é não permanecer parado. É importante deixar as coisas bem claras. Os cursos técnicos servem como garantia de emprego. Quem quer trabalhar só mais tarde, na época da faculdade, pode optar pelas outras atividades. Já as oficinas de educação artística servem como garantia de diversão. Ninguém é obrigado a se tornar um “Michael Jackson” depois de freqüentar algumas aulas de dança. E não há ninguém se tornando um “Ronaldinho Fenômeno” graças à escolinha de futebol e assim por diante.

Obrigação é diferente de diversão. Mesmo assim, é inevitável que certos alunos enxerguem a educação artística como um “ganha-pão.” Por exemplo, o estudante interessado em vender livros de poesia ou o em vender revistinha em quadrinhos produzida dentro da sala de aula. É preciso que o estudante decida se vai querer ganhar dinheiro com a educação artística ou só quer se divertir. Não podemos fazer com que nossas crianças virem “mini-adultos estressados.” Empresas e a iniciativa privada teriam papel importante nisso tudo. Ou seja, seriam responsáveis por financiar, pagar e contratar bons profissionais, professores e artistas. A preocupação em auxiliar a escola em ser um bom local para ser freqüentado seria uma ótima forma de fazer propaganda.

O governo também deveria financiar esse tipo de proposta. E não adianta falar que a prefeitura não tem dinheiro. Se parassem de roubar, o dinheiro existiria aos montes.

Resumindo, criança precisa ficar o dia inteiro na escola e só voltar à noite. E sempre vai haver aquele crítico que acaba reclamando da minha proposta. Ora, será que tudo não ficará demais para o estudante? Imagine como seria difícil administrar o tempo para estudar na aula “normal”, na aula de reforço, na oficina de educação artística e no curso técnico. Para evitar que a agenda do estudante fique “sobrecarregada”, nada melhor do que mudar o que é ensinado na aula. Aprender menos conteúdo e somente o básico para que o sobre mais tempo para o estudante. Parece polêmico? Soa estranho? Nem tanto.

Antigamente, os professores bombardeavam o aluno com informações. O pobre coitado era obrigado a decorar nomes de enzimas, organelas, fórmulas matemáticas, substâncias químicas, conceitos filosóficos e um punhado de outras informações. E tudo isso ensinado em um curtíssimo espaço de tempo. Para quê? Para sobreviver ao massacre chamado “vestibular.” Tudo inútil. O que importa era passar de ano, passar no vestibular e só. Aluno só sabia resolver equações trigonométricas na hora da prova e nem passava pela cabeça dele, por exemplo, que essas fórmulas poderiam ajudá-lo na hora de construir uma casa. Aprendia-se muito e se esquecia na mesma proporção.

Uns anos atrás, eu amava ecologia. Mesmo assim, não conseguia entender qual era a profissão onde era exigido que eu soubesse coisas estranhas como teias alimentares, cadeias alimentares, consumidores e produtores. Quando eu perguntava para o meu professor, por exemplo, onde eu ia usar isso, ele dizia “no vestibular.” Felizmente, o vestibular foi extinto para fazer com que os colégios parem de massacrar o estudante com tantas e tantas informações. Afinal, quem quiser se aprofundar, que faça faculdade.

Estudar menos. Aprender mais. Formar cidadãos críticos, conscientes e consumidores que saibam se libertar da ilusão chamada “mídia” para frear o consumo e desse modo, evitar que mais e mais recursos naturais sejam extinguidos. A revolução cultural começa na escola. Ponto final. No próximo texto, responderei mais críticas feitas contra meu blog.

Um comentário:

  1. Olá meu caro, eu acho interessante você levantar essa discussão. Eu concordo que a educação deveria ser integral, porque deveríamos fomentar o esporte e também o aprendizado direcionado aos interesses do aluno ou da sociedade. Porém eu que me formei numa escola técnica, que tem o médio no período matutino e o técnico no vespertino acho um desperdício de oportunidade o modo como as coisas são administradas lá. Se o objetivo era formar cidadões prontos para atender as necessidades de diversos segmentos de mercados em relação a mao de obra qualificada, o que na verdade acontece é que por falta de organização e liderança os alunos acabam se interessando mais em ir para churrascos fora da escola e encher o caneco do que realmente aprender e se dedicar a escola. Isso é só um exemplo. O que estou querendo dizer é que o que provávelmente faz muita falta no nosso sistema de ensino são diretores capazes, sem eles, os líderes responsáveis por gerir a escola nenhuma escola vai pra frente, bem como nenhum país!

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