Pesquisa

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Quem governa os governantes?




Pergunte a um ambientalista se ele sabe quais os prejuízos ambientais causados pelo consumo de energia elétrica. O que ele responde? Uma usina termoelétrica, por exemplo, queima combustível fóssil (carvão) e esse processo lança poluentes atmosféricos. A geração de eletricidade através da fonte eólica, ou melhor, a produção de eletricidade feita com aqueles “cata-ventos” gigantes produz poluição sonora e poucos são os lugares onde há uma corrente de ar suficientemente forte para movimentar aquele as hélices enormes. Ao final da explicação dele, ele dirá que toda a forma de gerar energia elétrica pode apresentar algum prejuízo para o ambiente ou é cara demais ou tem algum defeito. O discurso é sempre o mesmo. Reduzir o consumo é necessário. Agora, pergunte ao mesmo ambientalista, se ele poderia viver sem uma geladeira, por exemplo. Esse é o problema. Os mesmos ambientalistas que tanto defendem o meio ambiente são tão agressivos ao planeta quanto aquele pessoal que nem sabe o que é ecologia. Afinal, o tempo das cavernas já passou e estamos vivendo em pleno século 21, época de desfrutar de maravilhas tecnológicas e deixar que o mundo pague a conta do nosso progresso. Perguntar sobre geladeira deixa qualquer ambientalista numa situação complicada.  Os ambientalistas estão errados? Nem tanto. Planeta preservado é sinônimo de qualidade de vida. Um exemplo de luta nobre travada pelos "eco-chatos" é a erradicação da fome. Distribuir cestas básicas para a população não basta. Plantar, cultivar e colher alimentos, legumes e verduras são prejudiciais ao ambiente, afinal, as nossas plantações absorvem todos os nutrientes do solo e ele fica pobre. Ecossistemas inteiros são devastados por causa disso. Toneladas de alimentos tirados da terra vão parar no estômago dos bois. Para engordar um quilograma do boi e saborear um churrasco, precisamos cultivar vários quilogramas de alimentos. Com esse meio de produção, não há forma de suprir todas as necessidades da humanidade. E não é só. Por causa da nossa paixão por hambúrguer, o solo fica degradado, inférteis e muitos litros de água são usados para criar cabeças de gado. Dessa forma, é óbvio que faltará água e alimento para algumas pessoas. Para complicar mais ainda, 40% do que o porco consome, por exemplo, é eliminado pelas fezes. Há outro problema. O que fazer com tantos dejetos? Não é raro quando ambientalistas se enfrentam com pecuaristas e ruralistas. Resolver o problema da fome não é algo complicado. Novos hábitos alimentares precisariam ser adotados.

Técnicas e inovações tecnológicas seriam uma boa saída para aumentar a produtividade do solo. Produziríamos mais com menos. A idéia principal que necessita ser extraída dos exemplos acima é que todo o ambientalista se preocupa com causas nobres, como por exemplo, a erradicação da fome. A geladeira serviu como uma espécie de crítica, apenas para compreendermos o quanto é difícil ser ambientalista nesse mundo tão moderno e ao mesmo tempo, tão devastado. Nossas tecnologias podem destruir planetas inteiros! O pior é que o ser humano está dependente de tudo isso.

Trocando de assunto, o que importa entender é que o progresso é uma muralha na qual esbarramos quando queremos lutar por algo melhor. Veja, por exemplo, o lema tupiniquim “Ordem e Progresso”. A sociedade, sendo um corpo vivo, precisa de cada parte executando suas funções. Pelo bom andamento do país, nenhuma idéia pode permanecer nessa trilha, senão, vai obstruir os trilhos do progresso. O que escolher?

O dcrescimento econômico das nações ou preservar o planeta? Os nossos amigos norte-americanos escolheram a primeira opção. Ninguém lá se interessou muito quando o assunto foi reduzir a poluição atmosférica. Afinal, cada centavo economizado é um pequeno ganho e faz muita diferença para a empresa e desse modo, o país cresce.

Investir em tecnologias para corrigir as poluições, tratar os gases tóxicos expelidos pelas chaminés das fábricas é dinheiro perdido. Ótimo para o país, péssimo para o planeta. Para não dizer que a crítica foi atingiu somente os norte-americanos, o Brasil, também merece uns belos puxões de orelha. O nosso “paraíso verde-amarelo” é o 4º na lista de países que mais contribuem para o efeito estufa. Nossas chaminés nem vomitam tantos gases tóxicos como acontece nos Estados Unidos. É que a nossa Amazônia, berço de uma infinidade genética, é devastada constantemente. Não é nenhuma novidade que árvores são derrubadas para que a madeira se transforme em móveis e que áreas do tamanho de campos de futebol são devastadas para serem usadas na prática agrícola. E como a população do país pode sobreviver madeira? Precisamos dela para tudo! E agora? Precisamos mesmo optar entre o progresso e o planeta? Se o texto semeou a dúvida em seu coração, então, uma parte do objetivo foi alcançada.
 O desenvolvimento dos países ricos é o principal alvo dos questionamentos levantados por esse blog. Afinal, vale a pena sacrificar o mundo pelo desenvolvimento? Comecemos pelos Estados Unidos. O que dizer de um país que começou uma guerra por causa do petróleo? Eleito um novo presidente, a chama da esperança foi despertada... E depois, foi apagada quando nada foi resolvido no encontro de países para discutir as propostas superar o aquecimento global. Eles, a maior potência do mundo, deveria dar o exemplo quando o assunto é a tomada de consciência... Mas... Mesmo sendo o país mais rico do mundo, a pobreza persiste. Nunca, em terras norte-americanas, a palavra “crise” é pronunciada, mesmo com milhares de pessoas sendo atormentadas pelo fantasma da miséria. Agora, quando banqueiros e empresários se deparam com o risco de falirem por causa de alguma investida má sucedida no jogo econômico, a palavra “crise” é lembrada. Quer dizer, crise é quando ricos estão ameaçados de ficarem pobres. Nessas circunstâncias, o governo ajuda, doa e realiza empréstimos de bilhões de dólares para esse pessoal.

Imagine que essa crise não tenha ocorrido. Já pensou em investir todo esse dinheiro para acabar com a pobreza norte-americana? Sim! O governo, os bancos e empresários possuem dólares suficientes para exorcizar o fantasma da miséria das terras norte-americanas para sempre! Quer uma prova? Lembra da crise econômica de 2008? Os Estados Unidos estudaram a proposta de investir 700 bilhões de dólares tirados do bolso do contribuinte para resolver a crise. Pouco dinheiro? Além desses 700 bilhões, havia mais os 500 bilhões que antes mesmo da chegada dos 700 bilhões, já estavam nas mãos dos banqueiros. E além dessas duas quantias, ainda existiam os bilhões de dólares vindos da Europa para resolver o problema da crise. Se dividíssemos “apenas” os 700 bilhões entre toda a população humana, no caso, 6,7 bilhões, entregaríamos 104 milhões para cada um. Cada pessoa do planeta seria milionária! Já a Espanha investirá 30 bilhões em seus respectivos bancos para resolver a crise. Da onde vêm esses 30 bilhões?

Acertou quem falou a palavrinha mágica “imposto”! E como os políticos espanhóis são amigos amicíssimos dos banqueiros, o Estado pagará as dívidas adquiridas por eles. Dívidas que quando somadas, chegam aos 30 bilhões de euros! Segundo dados oficiais de 2008, a população espanhola era de 46.063.511 de pessoas e dividindo os tais 30 bilhões, cada espanhol receberia 652,18 milhões de euros! É muito dinheiro! Cada espanhol seria milionário! Quando os ricos passam por alguma crise, a maioria dos políticos sempre dá um “jeitinho” de ajudá-los. Tanto investimento valeu a pena? Lógico! Ao menos, nenhum banqueiro ou empresário de multinacional ficou pobre.

Resumindo, é muito dinheiro para pouca gente. Então, não faria diferença se os Estados Unidos usassem tanta dinheirada para investir em projeto de pesquisa. Alguns bilhões seriam gastos. Sem dúvida, a economia sofreria um pouquinho... Empresários e banqueiros perderiam alguns milhões... E daí? É hora de buscar uma nova forma de organizar a sociedade. “Progresso” não é necessariamente sinônimo de “país rico.”

País rico é aquela cuja população goza de boa vida. Não é isso o que ocorre. Queremos demais. A economia corre atrás dos números e acaba atropelando as pessoas. Cito um exemplo. Tratar da água, do ar e do solo não deixa de ser melhorias na qualidade de vida das pessoas. Imaginemos um exemplo simples. Com esgoto tratado numa favela, o número de doenças iria diminuir. Rios e demais corpos hídricos são seriam contaminados. E para que se faça uma omelete, alguns ovos precisam ser quebrados.

Nesse caso, os bolsos dos amigos políticos é que deveriam ser esvaziados por boa causa. Outro exemplo disso são os programas de educação ambiental e sexual para a comunidade. Se houvesse mais profissionais dedicados a ensinar e dar palestras sobre prevenção na hora do sexo, não haveria tantos filhos. A população diminuiria, assim como o consumo de recursos naturais. O problema é sempre o mesmo... Alguns milhões deveriam ser investidos no povo, ao invés de parar no bolso dos governantes. O salário deles é exorbitante! Voltando ao assunto da geladeira, como usá-la, sem agredir o planeta? Já que toda fonte de energia causa algum dano, vamos optar pelo menor. Ao invés de usarmos uma termoelétrica, por exemplo, hidrelétrica seria a melhor opção, num país com grandes quedas da água. E como o consumo de energia é proporcional ao impacto ambiental, quanto menos consumirmos, melhor para o planeta. Dessa forma, se a população parar de crescer, é melhor. O problema é que muitos empresários, políticos e donos de termoelétrica seriam prejudicados, afinal, ninguém deles desejariam gastar dinheiro com novas tecnologias “amigas do ambiente.” É justo que poucos enriqueçam, enquanto outros sofrem? E se os investimentos fossem feitos, ninguém passaria fome, mesmo com alguns bilhões “perdidos.” Eu, ao menos, sou daquela opinião de que se eu tenho casa, comida e roupas, ou seja, o essencial para poder viver, já fico feliz. Se eu virasse presidente, a primeira coisa que eu faria seria reduzir o meu próprio salário... Se todos tivessem essa forma de pensar, a locomotiva chamada “progresso” não atropelaria ninguém e, além disso, com desejássemos menos bens materiais, ficássemos somente na busca pelo suficiente para viver, o consumo seria desacelerado e o planeta não sofreria tanto. Pois é... A questão continua sem resposta. Como fazer um país crescer sem esquecer de proteger o meio ambiente, os recursos naturais e o próprio homem?

Desenvolvimento e crescimento:



O padeiro não assa pão por amor ao estômago do cliente. Faz isso porque quer ganhar dinheiro. O estudante tenta compreender as funções das células num organismo com o objetivo de ganhar dinheiro ao se tornar cientista e não faz isso por amor ao saber. Ele quer algo prático. Através desses exemplos, entendemos que a ambição do ser humano, o desejo de sempre querer mais e mais é que transforma e melhora a sociedade. Até que ponto a ambição é saudável? Vamos tentar solucionar esse enigma com outra pergunta.

Qual é a diferença entre crescimento e desenvolvimento? Crescimento significa acréscimo. Ou seja, quanto mais, melhor. É a tal busca desenfreada pelo lucro. Imagine uma locomotiva atropelando tudo o que está pela frente. Ética, justiça, meio ambiente, homem e natureza são apenas obstáculos para essa poderosa máquina desenfreada.

Logo, os países desenvolvidos não são tão desenvolvidos como nós pensamos ou não é assim? Qual é o tipo de lucro que precisamos? A indústria de armas, um negócio extramente lucrativo, principalmente em tempos de guerra, lucra trilhões. Há guerras que dão um “gás” para a economia dos países vencedores e eles crescem, tornando-se novas potências. Pela lógica, a indústria bélica é muitíssimo importante. Um agricultor que pratica a agricultura orgânica, ou seja, aquele cultivo de alimentos mais saudáveis, com menos pesticidas, menos venenos e vende o produto por um preço um pouco “salgado” (venda de produtos orgânicos é sempre mais cara) não é tão importante assim quanto um presidente de alguma indústria de armas. Ao menos, não do ponto de vista do crescimento econômico. Agora, o que é o desenvolvimento econômico? Uma economia em desenvolvimento é aquela que está crescendo e ao mesmo tempo, se tornando mais eficaz. Isso implica uma melhoria na estrutura, no design e na composição. Trocando em miúdos, é aquele que ao mesmo tempo em que gera lucro, se preocupa com a pobreza, a ética e a preservação dos recursos naturais. Num país que adota essa filosofia, uma empresa bélica nem ia sequer existir. O governo, ao invés de investir na indústria bélica, iria investir, por exemplo, na agricultura orgânica. Mesmo que não dê tanto lucro, a pobreza, de certa forma, seria eliminada. Temos que entender bem o significado da palavra “pobreza.” Pobre pode ser uma qualidade de vida.

Alimentos saudáveis produzidos com a agricultura orgânica poderiam acrescentar muita qualidade de vida. Notícias relacionadas com ingredientes tóxicos, pesticidas, fertilizantes químicos, doenças e moléstias fariam parte do passado. Agora, por que o desenvolvimento é sustentável? Solucionar essa questão depende de nós entendermos melhor a agricultura orgânica. Se pensarmos adiante sobre o tema agricultura orgânica, concluímos que ela se chama “orgânica” por trabalhar com material orgânico. Orgânico nada mais é do que o estrume. Pode ser muitas coisas. Desde casca de banana, até umas fezes de algum animal. Quem trabalha na lavoura conhece. Esse tipo de substância tem um punhado de nutrientes essenciais para o solo. A lógica é simples. Quando mais você planta, mais pobre o seu solo fica. Os nutrientes orgânicos enriquecem o solo. Até é uma questão de respeito com a natureza, afinal, alimentos são recursos fornecidos pela mãe terra e saber aproveita-los de maneira correta é essencial para o desenvolvimento sustentável. Usar, aproveitar e usufruir, sem nunca deixar faltar para ninguém e nunca agredir a natureza. Esse é um pequeno grande salto para erradicar a fome e um exemplo de como o meio ambiente e o homem podem se conciliar. Agricultura orgânica foi usada para explicar o termo “sustentável”, mas poderíamos qualquer outro exemplo, como a água, fontes energéticas alternativas e etc. E então, leitor, você acha que a maioria dos países está crescendo economicamente ou se desenvolvendo sustentavelmente? A notícia ruim é que nenhum político vai acatar essa idéia tão revolucionária. Em contrapartida, nós, pessoas comuns, poderíamos, através do voto e da crítica, tentar forçar nossos governantes a fazer isso. Se escritor Alan Moore, em sua obra Watchmen, nos perguntou “quem vigia os vigilantes?”, a pergunta feita por esse texto é tão ou mais filosófica.

Quem governa os governantes?

Nós, os cidadãos justos e honestos, ou o dinheiro, o lucro e a ambição desmedida?

Um comentário:

  1. Eles são os únicos verdadeiramente livres e proprietários do inférno mano.

    ResponderExcluir