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domingo, 14 de fevereiro de 2010

Não sei o que é Avatar.


Todos os meus amigos estão querendo que eu vá assistir ao mais novo filme do James Cameron. Disseram que eu ia amar. Até agora, eu não fui ao cinema. E nem pretendo ir tão cedo. Nada do cinema me interessa e por causa disso, fiquei impressionado com a insistência dos meus amigos em me levar ao cinema para ver o filme. Li uns resuminhos rápidos na internet e só. Só sei que num futuro, a humanidade precisa de uma fonte de energia chamada Unobtainium e para isso, o herói do filme tem a sua mente transplantada para o corpo de uma criatura chamada Na’vi. E com esse novo corpo, ele pode se adaptar a atmosfera do planeta Pandora, ao mesmo tempo em que aprende sobre a cultura do povo de lá. Lógico que isso tudo não passou de uma grande e elaborada farsa para que a humanidade pudesse compreender sobre o povo do planeta de Pandora e desse modo, conquistar o planeta e ter uma nova fonte de energia. Bom, esse é tudo o que sei sobre o filme e já me trouxe algumas boas reflexões. Sei que por trás daqueles efeitos especiais, existe uma forte crítica contra a sociedade e o modo como nós tratamos a natureza. Mas... Cão que late não morde. Criticar é uma coisa. Saber identificar a origem do problema e desse modo, solucioná-lo é outra coisa.

Críticas contra a nossa falta de respeito ao meio ambiente não falta. Está em tudo. Desde músicas, revistinhas em quadrinhos, filmes e etc. E continuamos a persistir no erro. Por que a sociedade é assim? Do que precisamos para que a sociedade se mobilize para mudar de forma definitiva? Respondo tudo isso com uma outra pergunta... Por que precisamos estudar? Já tentaram me iludir muitas vezes. Quando perguntava o porquê de eu precisar estudar, que era uma coisa que eu detestava, os professores e demais adultos respondiam algo como “porque você precisa arranjar um bom emprego e crescer na vida.” Está tudo errado. Comecei a aprender realmente sobre a vida fora dos bancos escolares... Li em livros o quanto que a nossa escola forma cidadãos despreparados, inocentes e acomodados. Os professores insistiam em me ensinar o que era um dígrafo, sem se preocupar em querer me explicar para o que serve.

Vi muitos colegas desistindo da escola por se sentirem frustrados ao serem obrigados a engolirem conteúdos aparentemente inúteis. Não importava o sucesso ou o insucesso acadêmico. Aqueles que consigam um bom emprego tinham suas vidas sequestradas pelo emprego. Quer dizer, a filosofia de querer crescer cada vez mais economicamente já está nas nossas vidas desde o momento em que nós ouvíamos “estude para conseguir emprego” dos nossos pais. Empresas e instiuições prosperam economicamente. E daí? O país só caminha na direção do crescimento econômico e não se preocupa com o desenvolvimento social. Do que adianta, por exemplo, termos um país onde empresários e bancários põe a mão na maior parte dos lucros, enquanto pessoas sobrevivem catando comida nos lixeiros? Não é póssível eliminar a pobreza apenas com a geração do lucro. Se fosse por isso, não haveria pobreza nos Estados Unidos e nos outros países ricos. Agora, o que isso tem a ver com o nosso relacionamento com o meio ambiente? O que conta para um país é crescer na direção da economia. Essa filosofia está tão enraizada em nossas mentes que fazemos de tudo para que isso ocorra. E tudo começa na escola, um local onde viramos apenas engrenagens para que a máquina capitalista funcione. Desse modo, pouco importa se usamos agrotóxicos nas nossas lavouras por exemplo. Apesar de sabermos que isso contamina o solo, o ar, a água e traz problemas de saúde, precisamos fazer isso para garantir que nenhuma praga sobreviva. Afinal, produção é sinônimo de lucro e lucro é o que importa. E para que gastar dinheiro com pesquisas envolvendo energia solar se já temos as termeléticas em pleno funcionamento? Apesar da poluição atmosférica que ela produz, ela é a melhor opção, ao menos do ponto de vista de uma sociedade preocupada com a questão da produção e lucro. Poderíamos trocar o diesel pelo biodiesel, um combustível não tão poluente, mas a situação não é propícia, afinal, a maioria dos nossos veículos usa o diesel. A mata ciliar, a vegetação que ocorre nas margens dos rios e mananciais precisa ser tirada, apesar dos protestos por parte dos ambientalistas, para dar lugar ao cultivo e a prática agrícola. Agricultores sempre procuram o solo mais fértil para poder lucrar cada vez mais. Os exemplos citados anteriormente nos fazem entender o porquê da sociedade não conseguir adotar uma nova postura. Crescimento da economia, empresas lucrando e a busca pelo lucro são coisas que não se podem ser encaixadas com preservação ambiental e a busca por melhores condições de vidas da maioria. Ao mesmo tempo, acreditar que o avanço tecnológico pode conciliar progresso com qualidade ambiental é inocência. Afinal, do que adianta termos coletores solares, se ainda continuamos a buscar o carvão mineral para produzir eletricidade para as nossas casas? Não parece um beco sem saída? Não é. Basta que a escola se adapte. Minha proposta é ensinar educação ambiental nas escolas. Vejamos um exemplo:

- Um dos temas trabalhos numa aula de educação ambiental é a poluição atmosférica. O diesel usado nos motores dos automóveis libera monóxido de carbono, um dos grandes poluentes.

O diesel provém do carvão mineral. Milhares de anos antes, o material já foi um ser vivo, um vegetal que absorvia monóxido de carbono. Ao morrer, entrou em processo de decomposição, ou melhor, seu organismo apodreceu e se transformou no carvão mineral. A queima dele faz com que o motor funcione, ao mesmo tempo em que libera o carvão absorvido pela planta nas épocas passadas. Dessa forma, todo o ar é poluído. Ao invés de usar o diesel, poderíamos usar o biodiesel. A produção dele é feita através dos óleos extraídos de certos vegetais. O girassol é um exemplo. Tudo o que precisamos fazer é plantar. A queima do biodisel produz carbono. Em contrapartida, todo o carbono produzido pelo biodiesel é absorvido pelas Oleaginosa, plantas que produzem óleos usados como fonte do biodiesel. Logo, uma coisa neutraliza a outra. Esse tema é chamado de ciclos biogeoquímicos e faz parte de várias ciências como a ecologia e a química orgânica. Lógico que nem tudo é perfeito. Se plantarmos girassóis para alimentar os nossos motores, estaremos deixando de plantar alimentos. Nesse caso, a sociologia e a geografia tem um importante papel para solucionar esse problema, já que ambas estudam os problemas da sociedade e a fome é um dos nossos males. Combustíveis é um dos vários exemplos que poderia estar citando. Só queria deixar bem claro o quanto que a educação ambiental pode integrar as mais diferentes disciplinas. Como no caso da poluição atmosférica, unimos ecologia, química, sociologia e geografia. É a visão holística, uma integração das ciências exatas e humanas. E ela é fundamental para preparamos cidadãos preocupados com a qualidade de vida e em conciliar desenvolvimento humano, economia e meio ambiente.

Isso quer dizer que precisamos saber de tudo? Não! Vamos saber, ao menos, um pouqinho de tudo, sem abrir mão do conhecimento específico. Um bom exemplo é o médico consciente de que a maioria das doenças são adquiridas por vivermos em um ambiente poluido. Só assim esse mesmo médico vai poder exigir mudanças no país, como tratamento adequando para o lixo. É hora de parar de aprender o que é inútil e se dedicar a procurar apenas o que é fudamental para podermos mobilizar a sociedade em nome da causa ambiental. A filosofia do “estude para conseguir um bom emprego” é a primeira coisa para se jogar fora. Educar é, antes de tudo, fornecer meios para que o indivíduo transforme o espaço ao seu redor em nome do bem comum. Senão, continuaremos saindo do cinema, após assistir Avatar e não sabendo por onde começar para reverter a situação.

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