domingo, 21 de fevereiro de 2010
O Deus Cristão e a Educação Ambiental.
O que meio ambiente tem a ver com a pobreza do Brasil e a religião? A CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) lançou, nesse ano, a campanha da fraternidade 2010 com o tema “economia.” A proposta é simples. É fazer com que a sociedade tome consciência que o nosso modelo econômico gera pobreza, violência, marginalização, ignorância e poluição.
Vamos imaginar um exemplo bem simples e que já foi usado nesse blog. O padeiro assa o pão pelo desejo de ganhar dinheiro, ao invés de fazê-lo por amor ao estômago do cliente. O estudante escolhe o curso que dará a melhor e mais rentável profissão. Todas as nossas ações são movidas pela busca pelo lucro. Toda a filosofia do crescimento econômico está baseada no acúmulo de dinheiro. O lema da campanha é “Vocês não podem servir a Deus e ao dinheiro”, tirado de Mateus 6:24. E essa idéia se aproxima do conceito do desenvolvimento sustentável proposto pelos ambientalistas. Vamos entender melhor?
Um exemplo é o agronegócio. No Brasil, há muitas terras nas mãos de poucos. Os grandes fazendeiros ficam cada vez mais ricos, enquanto os pequenos fazendeiros permanecem na pobreza. Dessa forma, acontece o êxodo rural, ou melhor, as famílias humildes vão para a cidade, buscando melhores condições de vida. Afinal, cidade é sinônimo de progresso. Ou não é? Sem uma qualificação profissional, as famílias não conseguem emprego. E assim, como num ciclo vicioso, favelas vão sendo construídas na mesma proporção em que pessoas chegam à cidade buscando sorte. Não é novidade nenhuma para o fiel leitor desse blog que a maior parte dos grãos, cereais, legumes e demais alimentos produzidos pelas grandes fazendas vão parar no estômago de porcos, vacas e demais animais. Fazemos isso para engordá-los e depois, devorá-los. Isso já é um hábito da sociedade moderna. Tem gente que não consegue viver longe do pernil de porco, do hambúrguer e de uma boa churrascada. Para engordar um mísero quilograma de uma vaca, gastamos muitos quilogramas de bons alimentos. Imagine quantos quilogramas de cereais, legumes e demais grãos foram parar no estômago bovino, ao invés de alimentar pessoas famintas. Então, é óbvio que a produção de alimentos não dará conta de satisfazer todo o povo. E onde o meio ambiente entra nessa história? Como produtividade é sinônimo de lucro, os fazendeiros procuram fazer com que a produtividade cresça cada vez mais. Para isso, vale qualquer coisa. Usar agrotóxicos é um exemplo. Usar máquinas como tratores que compactam (e prejudicam) o solo é outro exemplo. E nesse jogo, vale tudo. Até praticar a monocultura, que é plantar somente um tipo de produto agrícola e isso afeta o solo, fazendo com que ele leve séculos para se recuperar. Um solo agredido, pobre em nutrientes e envenenado por agrotóxicos e outras químicas afeta uma infinidade de outras formas de vida como bactérias, microorganismos, vegetais, plantas, animais, aves e etc. Então, basta concluir que tudo isso é irracional e insustentável. Ao mesmo tempo em que isso acontece, agricultores humildes, sem ter o que fazer na cidade, voltam para o campo, invadem as grandes fazendas, matam, estupram e por ai vai. Não estou defendendo o MST (Movimento dos Sem Terra). E até concordo que alguns deles só querem arranjar um pedaço de terra para poder trabalhar e fazem isso sem apelas para a violência e infelizmente, sempre irá haver a falta de caráter de algumas pessoas que apelam para a brutalidade. Quer dizer, é tudo uma conseqüência de um modo de produção inconseqüente.
E o que a Igreja propõe?
Uma nova reforma agrária, onde a terra possa ser distribuída de forma igualitária. Assim, todos terão o seu pedaço de chão para trabalhar. É a agricultura familiar. Todos trabalham para fazer com que “roça” pare de ser sinônimo de “atraso”. E se todas essas famílias praticassem a agricultura orgânica? O que é isso? É aquela agricultura que dispensam agrotóxicos e outros venenos. Os agricultores só usam material orgânico (estrume) para fazer com que a plantação vingue. Em geral, os produtos orgânicos são mais caros. Por exemplo, uma cebola cultivada com o auxílio de agrotóxicos é sempre mais barata. Contudo, se todos os agricultores praticassem a agricultura orgânica, o ritmo de produção e a produtividade seriam iguais. Desse modo, a concorrência faria com que o preço caísse. Teríamos alimentos baratos e saudáveis.
Fora isso, a Igreja estimula iniciativas como associações, cooperativas populares, entidades de apoio e etc. Com isso, a comunidade pode participar mais na vida política, decidir onde os investimentos serão gastos. Imagine por exemplo, a comunidade decidindo acabar com a carga tributária. Sabe o que é carga tributária? É um imposto, um valor “extra” em todo o preço de alguma mercadoria. Isso, por exemplo, aumenta o preço do feijão, da farinha e de outros produtos essenciais. O pobre paga o mesmo que o rico paga também. É justo?
Tudo isso é muito bom... E isso é pregado pela Igreja. É a tal da economia solidária.
Os ambientalistas já chamam de desenvolvimento sustentado. Bom, é como trocar seis por meia dúzia. Basta lembrar que é o crescimento econômico, aliado ao respeito pelo meio ambiente e a justiça social.
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