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terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Para o meu amigo Luiz Carlos Prates.

Alguém conhece Luiz Carlos Prates? Se você ligar a televisão na hora do meio-dia e sintonizar no Jornal Do Almoço, você verá o nosso amigo Prates criticando a incompetências das instituições políticas, a falta de moral, a nossa legislação ineficaz, a corrupção, a ignorância do nosso povo e etc. Pois é... No dia 21 de fevereiro, no domingo, o nosso amigo Luiz Carlos Prates criticou a Campanha da Solidariedade 2010 em sua coluna no jornal Diário Catarinense.


Prates, sem dúvida, não tem nenhuma papa na língua e ataca, com toda a razão, através de suas palavras duras e sinceras. Ótimo. Agora, reprovar a atitude a Igreja em organizar a Campanha da Fraternidade já é demais. Nas palavras dele, o capitalismo e a busca pelo lucro não precisam ser criticados. Afinal, é isso que gera a empregabilidade, o progresso econômico da sociedade e impulsiona o desenvolvimento da sociedade. Segundo ele, o que precisa ser alvo de crítica é a falta de vergonha na cara, a desonestidade e um povo que ao invés de ascender profissionalmente através do próprio esforço, espera por algum milagre divino e é iludido pelas esmolas dadas pelo governo. Ele cita, por exemplo, o caso de Alcides Nascimento Lins, um garoto pobre (muito pobre mesmo), guiado apenas pela ambição e pela esperança de ascender socialmente. A única coisa que ele poderia fazer para vencer na vida era batalhar e esperar por dias melhores. Então, com muita dedicação, conseguiu o primeiro lugar no vestibular de Medicina da Federal de Pernambuco...

Infelizmente, ele conheceu um trágico fim. Foi assassinado. Entretanto, a lição que ele deixou e que Prates quis exemplificar em sua coluna é que a vontade de enriquecer é que melhora o país. Então, a Campanha da Fraternidade e suas alfinetadas no capitalismo não passam de uma baboseira vinda de um preconceito tolo de que todo o rico precisou pisar em alguém para chegar onde está. Será que é tudo assim tão simples? Na verdade, a Campanha da Fraternidade não condena o lucro. Apenas condena o modo de como ele é alcançado.

Como a economia solidária, um conceito proposto pela campanha solidária, se aproxima da idéia do desenvolvimento sustentado, eu preciso alertar as pessoas de que ela é uma boa iniciativa e para isso, critico o que foi escrito por Prates.

Por exemplo, não há nada de errado em lucrar através da prática agrícola. O problema é quando muitas terras vão parar nas mãos de poucos, como é o que acontece aqui no Brasil.

Não vou explicar as conseqüências disso, até porque já comentei sobre esse exemplo no meu blog.

Para um jovem, não basta afirma que o estudo é importante como Prates faz. Frações diretamente proporcionais, por exemplo, é um tema importante da matemática financeira e pouco interessante. Agora, qualquer um poderia se interessar pelo assunto se o professor ensinasse que o “x” da equação poderia ser usado para descobrir quanto que uma pessoa pode lucrar com um investimento. Quer dizer, alunos, mesmo os melhores, acreditam que a realidade está resumida nos livros e isso é errado. Como fazer com que alunos se interessam por uma escola assim, onde a prática é uma coisa e a teoria é outra?

Digo outra. E por mais que Prates continue dizendo que precisamos criar vergonha na cara e procurar empregos, isso não resolve a questão da pobreza. Afinal, o discurso é ótimo, mas não deixa de responder diversas questões. Qual é o tipo de emprego que precisamos? Como fazer para gerá-lo? Qual é o tipo de escola que nossos jovens precisam? Se prevenir é mais importante do que remediar, qual o jeito mais eficiente de combater a criminalidade através de formas de evitar que a ocasião favoreça o ladrão?



Se Prates estiver lendo isso, sugiro que ele leia todo o meu blog e então, ele perceberá que tanto o desenvolvimento sustentável quanto a economia solidária tentam unir o progresso material, o lucro, a justiça social, a diminuição da violência, a preservação do meio ambiente, felicidade do ser humano, não condenam a busca pelo enriquecimento pessoal e nem passam a mão na cabeça de marginal. Temo que talvez, continuaremos a persistir no erro de tentar mudar o caráter das pessoas, ao invés de fazer com que a sociedade mude. É o meio que define a moral humana. Uma rua pouca movimentada, por exemplo, pode ser um local para o encontro de adolescentes fumarem maconha. Agora, se o governo investisse em mais ciclovias, o movimento dos pedestres iria aumentar nas ruas e desse modo, o tráfico de drogas seria desencorajado. E com mais pessoas andando nas ruas, haverá menos veículos, menos poluição e menos acidentes. E isso é só uma das várias soluções apresentadas pelo meu blog.

Caro Luiz Carlos Prates, não me leva a mal. Críticas construtivas e bem fundamentadas são importantes para que haja troca de idéias, informações e discussões.

Um grande abraço de um fã seu.

Um comentário:

  1. Protesto!!!
    Eu sou fã do Luiz Carlos Prates, não perco um programa. Ele não tem papa na lingua mesmo. Fala aquilo que é preciso para uma sociedade mais educada, mais civilizada. Prates mais sucesso, justamente porque somos um país em sua maioria corrupto ou corruptivél. A violência predomina,um país sem leis, ou melhor leis que são burladas. Os direitos humanos (....piada) defende mais o bandido que matou que o cidadão afetado.
    Obrigado por ter deixado um comentário em meu blog.
    Abraços e sucesso
    Adalberto Day cientista social e pesquisador da história em Blumenau

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