Pesquisa

domingo, 14 de março de 2010

Criticando Felipe Gruetzmacher

Hoje, é um dia especial. O número de visitas chegou ao número 1000. Se isso é bom para a divulgação das minhas idéias? Não sei. Minha escrita pouco fez pelo meio ambiente. Mesmo assim, é um pequeno grande passo. Em direção de quê? Não sei. Só continuo a protestar. Felipe Gruetzmacher será, dessa vez, o alvo das minhas alfinetadas. Eu, Felipe Gruetzmacher, dessa vez, não vou criticar o mundo lá fora. Critico o que penso e o que escrevo. Uma auto-crítica. Para os desavisados, eu sou membro da SEB, a Sociedade dos Escritores Blumenauenses. E o que isso tem a ver com o Efeito Estufa, o derretimento das calotas polares e o ambientalismo? Logo, chegaremos lá. De vez em quando, nós nos reunimos para discutir literatura, técnicas de produção de texto e filosofias. Num desses encontros, dois contos escritos por mim foram alvos de críticas por parte dos meus colegas sebianos.


Conto 1: O último vôo de um Beija-Flor.


O dia amanheceu cinzento naquela segunda-feira, comecinho de semana. Travestis rodopiando suas respectivas bolsinhas, esgoto mal cheiroso correndo a céu aberto e pulmões devorando a fumaça dos baseados ao serem tragados compõe o cenário. É uma favela. Situada em algum morro carioca. Realidade. Bruta. Cruel. Verdadeira e sincera. Quem testemunha o desenrolar da história são os olhos do protagonista, um menininho. A idade dele? Pouco importa. Basta saber que ele não passa de um moleque. O nome dele? Nem interessa. O que é preciso saber é o apelido dele. Beija-Flor. Pode parecer uma coisa inocente... Mas é uma gíria usada pelo tráfico para designar garotos ou garotas responsáveis pelo transporte de drogas.
Um Beija-Flor voa e vai enamorando as flores por estar conduzido pelo instinto, por sua própria natureza. E por que o garoto, outro tipo de beija-flor, alça seu vôo pelas trilhas da favela, distribuindo cocaína? Instinto? Falta de escolha? E lá vai o nosso beija-flor, com algumas moedas no bolso esquerdo, fruto de horas engraxando sapatos e no direito, balas coloridas. Belas balas coloridas entorpecentes. Outro beija-flor aparece. Um membro de alguma gangue rival. Dois bandos de beija-flores, inimigos um do outro... A diferença é que eles não competem pelo direito de enamorar um maior número de flores... O dedo do rival endurece no gatilho, até pressioná-lo. Um tiro. Uma rajada de metralhadora alcança o beija-flor por trás, enquanto toda uma vida o atinge pela frente. O beija-flor, que nunca beijou nenhuma flor, termina seu vôo. As garras do vício, da bruta realidade e do crime envolvem mais um pássaro. E nunca mais soltaram.


Conto 2: Retratos Urbanos:


Começa com uma ida ao banheiro seguida por uma descarga. É conduzido por um labirinto de tubulações até o esgoto. Chega ao rio. Não é preciso nomear a coisa, o assunto mencionado pelas minhas letras. Deixo tudo subentendido através da sutileza. Para não parecer grosseiro, é melhor que fique assim. É irônico perceber que não há nenhum protagonista nesse curto conto, já que o conto fala algo que você poderia, provavelmente, descrever com inúmeros palavrões. Histórias, inúmeras histórias acontecem paralelamente. A chegada de uma ninhada de ratos atraídos pelo esgoto, o “ziguezague” feito pelo vôo esvoaçante das moscas seduzidas pelo odor mal cheiroso e toda uma biologia, inúmeras espécies de bactérias se desenvolvendo nos negros líquidos do rio revelam uma cidade descompromissada como meio ambiente presente dentro do seio dessa selva cinzenta de concreto. Pouco parece, mas tudo está interligado. Uma ida ao banheiro, ratos, vôo de meia dúzia de moscas e as proliferações de bactérias no rio podem sugerir muita coisa. Um assunto banal e até inusitado como uma descarga feita no banheiro nos mostram um triste retrato do nosso retrato urbano e do subdesenvolvimento...



Dei a entender, no segundo conto, que critico a falta de respeito com o ambiente e dou toda a razão aos ambientalistas. Porém, literatura é diferente de expor opiniões. Ela não julga, condena ou defende. Por melhor que fosse o argumento, caí na armadilha do moralismo. Já o primeiro conto é mais bem escrito. Deixo que as letras apresentem a realidade, sem nenhum julgamento. Não passo a mão na cabeça do “beija-flor”, defendendo-o e argumentando que ele é vítima de uma sociedade injusta. Ao mesmo tempo, deixo de chamá-lo de monstro.
Graças às criticas dos sebianos, minha literatura amadureceu e deixou de ser moralista e hipócrita. Algo assim deveria ser ensinado nas escolas. É bom, por exemplo, que o professor de química ensine que a presença de gases poluentes na atmosfera são os responsáveis pelo aparecimento de inúmeras doenças. Um estudo feito em Pittsburg (EUA), em 1993, estimou que cada habitante gasta 20 dólares se tratando de doenças por ano. Faça as contas, multiplique o valor pelo número de habitantes e você terá um prejuízo monstruoso. O professor de geografia poderia contribuir com o assunto, falando sobre como os ventos e demais fenômenos atmosféricos ajudam a espalhar os poluentes. Isso faz com que o aluno percebe que cada disciplina possui um pouco de educação ambiental e assim, aos poucos, mobilizaremos a sociedade em nome da causa ambiental. Lindo. Contudo, algumas vezes, não é economicamente viável tentar poluir menos e não é qualquer quantidade de substância poluente que desencadeia problemas de saúde. Então, as empresas não são tão “inimigas do meio ambiente”. Cito outro exemplo. Impedir que agricultores derrubem centenas de árvores para transformar tudo numa área cultivável não é solução para nada. Agiríamos como ambientalistas loucos. Precisamos de árvores, assim como precisamos de alimentos. O professor de sociologia poderia explicar o porquê de haver tanta fome no mundo, mesmo com o planeta conseguindo produzir alimentos para todos. Reforço a idéia de que educação ambiental faz parte de qualquer ciência. Poderíamos ensinar, aos agricultores, técnicas de cultivo para aumentar a produtividade do solo e evitar que novas árvores precisem dar lugar às plantações, já que plantar de modo incorreto significa deixar o solo infértil. Desenvolver consciência ecológica é importante... Assim como o senso crítico para que o próprio movimento ambientalista seja alvo de críticas positivas. E aproveitando, deixo o link de algumas páginas virtuais dos meus irmãos e irmãs da SEB:

http://cassianeschmidt.blogspot.com

www.site.pop.com.br/aguia2

www.blogdaoktober.blogspot.com

http://www.supertextos.com/autor/ricbrandes

http://www.fotolog.com.br/folhetimvirtual

www.ninholiterario.com.br

http://agualento-isneldaweise.blogspot.com

http://bibliotecaleituraepesquisa.blogspot.com/

www.tchello.art.br

http://tchellodbarros-contosecronicas.blogspot.com

http://www.youtube.com/user/tchellod7barros

http://www.tchellodbarros-poesiavisual.blogspot.com

http://tchellodbarros-literaturainfantil.blogspot.com

http://tchellodbarros-poemas.blogspot.com

http://blogdaseb.blogspot.com/

2 comentários:

  1. muito legal essa sua reflexão.
    abraços
    Rubens

    ResponderExcluir
  2. O seu trabalho pode parecer solitário Felipe, mas somos muitas formiguinhas trabalhando juntas :) Abraço.

    ResponderExcluir