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sexta-feira, 5 de março de 2010

Auto-Ajuda e Meio Ambiente




Nunca antes na história da literatura se escreveu e se comprou tantos livros de auto-ajuda como nos dias atuais. Por quê? E o que isso tem a ver com Educação Ambiental? O objetivo do blog não é apresentar o meio ambiente através de um ângulo diferente? Pois é...

Vamos começar por esse caminho.

Paulo Coelho, Spencer Johnson, Rhonda Byrne, Tania Zagury, Içami Tiba, Augusto Cury e os demais autores têm um incrível talento. Eles conseguem pegar uma a frase “nunca se deve desistir dos seus sonhos” e dessa grande obviedade, escrever um livro de centenas de páginas. E ganham oceanos de dinheiro com isso! Será que ninguém percebe o quanto todas aquelas páginas são óbvias, simples e bobas? Vamos tentar entender o que isso tem a ver com educação ambiental?

A primeira coisa que meu pai me falou quando entrei no colégio foi “estude para ter um bom emprego.” As marcas das nossas roupas, o diploma da faculdade, a gravata, a conta bancária e o carro na garagem definem se a pessoa é boa ou não. O “sucesso” é algo para ser cultuado como um Deus. Cursos técnicos, faculdades, escolas, cursinhos, família, amigos, nossa filosofia materialista e a sociedade em geral nos transformam em cachorros perseguindo o próprio rabo, ou seja, o tal do “sucesso”. E a maior parte das pessoas paga para ler que o sucesso está ao alcance de todos. E ninguém sabe, até hoje, o que é isso. Não foi apresentado a esse tal de “sucesso”. Uns dizem que é a felicidade e se aceitar do jeito que se é. Outros dizem que é dinheiro. E assim vai. Como correr atrás de algo tão estúpido e vago? Bom, não é à toa que a depressão, o stress e a falta de esperança afligem muita gente nesses dias atuais.

A fórmula dos livros de auto ajuda são sempre os mesmos. Um bom emprego, um ótimo salário, um marido perfeito ou uma esposa dedicada e a felicidade podem ser realidade, desde que a fé seja sincera. É o resumo de qualquer livro de auto-ajuda. O grande sucesso dessa literatura vazia, fraca e superficial é um sintoma de um grande mal da sociedade. Estamos cada vez mais egoístas e iludidos. Acreditamos que o mundo gira em torno do nosso umbigo.

E o que isso tem a ver com meio ambiente?
Vemos, por exemplo, nos noticiários que o fantasma da pobreza ainda persiste e crianças passam fome. E não fazemos nada, além de falar algo como “não há mais saída”. E como faremos, se estamos acorrentados a uma rotina, a uma jornada de trabalho e a busca pelo "sucesso"? Somos pessoas normais sem nenhum poder para mudar as coisas? Ou estamos sendo “programados” para pensar desse modo através de uma sociedade que cultua o sucesso, a literatura da auto-ajuda com suas frases pouco profundas, uma escola despreparada para formar cidadãos atuantes e que prefere orientar as pessoas para serem meros trabalhadores sem senso crítico? Sem dúvida, precisamos de uma grande e enorme mudança.

Poderíamos reformular os conteúdos aprendidos na escola. Imagine uma aula sobre educação ambiental. Numa aula, o professor poderia falar sobre bioquímica, ecologia, política e história:


“Caros alunos, vocês vivem me perguntando para que serve a química e a biologia. Pois é... A faixa do pH, um assunto da química, precisa ser entendido por um profissional que trabalha na área de despoluir águas. Toda e qualquer indústria precisa de água para poder funcionar e para isso, a água captada precisa estar numa faixa de pH ideal. Se estiver muito baixo, significa que ela é ácida e pode corroer tubulações. Se ela estiver muito alta, pode provocar incrustamento. Depois que essa água foi usada nos processos produtivos, por exemplo, para tingir malhas numa indústria têxtil, ela precisa passar por um tanque cheio de bactérias e estas irão degradar a matéria orgânica (carga poluidora). Em outras palavras, as bactérias irão “comer” toda a “sujeira”, afinal, durante o processo produtivo, litros de produtos químicos foram despejados. É o tal do tratamento biológico. E depois, essa água pode ser novamente reaproveitada ou descartada no rio. Um cidade que investe nesse tipo de tratamento pode contribuir e muito para a saúde das pessoas, do meio ambiente, melhorar a qualidade de vida das pessoas e economizar em setores como saúde (já que água tratada é sinônimo de vida). Os romanos, por exemplo, escolhiam seus governantes pelo modo como eles administravam a água. Alguns dos Estados brasileiros ainda pecam nesse quesito. Água poluída não serve para agricultura e isso empobrece as áreas rurais, prejudica a produção de alimentos, traz fome, doenças, contamina, não pode ser aproveitada pelas indústrias e impede o progresso econômico. Essa má administração dos recursos naturais, a falta de fiscalização e de boa vontade política são os responsáveis por isso.

O objetivo da aula de hoje é conhecer os tipos de bactérias usadas no tratamento biológico, os cálculos para calcular o pH ideal e as melhorias que uma cidade pode obter se houver um bom tratamento. Vamos aprender como se trabalha por um meio ambiente melhor. A escola ensina um pouco sobre tudo e onde esse pouco se aplica. Cabe a vocês se interessarem e se aprofundarem no assunto, sem se esquecer de compreender o todo. Só assim evitaremos fazer com que a escola forme químicos, biólogos e engenheiros químicos desempregados por não saber onde tudo aquilo aprendido se aplica.”

Educação ambiental não é uma disciplina. É uma aula sobre diversas ciências para que o aluno entenda que tudo está relacionado a meio ambiente e seu objetivo é fornecer informações de como o que se aprende na escola pode ser ocupado na prática para ganhar dinheiro num emprego e ao mesmo tempo, contribuir para o bem da sociedade. Todas as profissões, se bem aproveitadas, podem contribuir com o progresso econômico, a erradicação da fome, da ignorância e da violência. Bonito? Sim!

Então, joguem os livros de auto-ajuda fora. Preocupe-se mais com o meio ambiente (você faz parte dele) e não apenas com seu próprio umbigo.

Um comentário:

  1. Gostei do seu blog. =)
    Vou ler alguns posts. ^^
    E tbm adorei a imagem do blog.
    Abraços. \o

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