Estávamos comentando sobre nossas futuras profissões. Um amigo meu, cursando administração, falou do desejo de trabalhar num escritório. Outro seria professor com a sua faculdade de pedagogia. E eu? O que serei com a minha faculdade de Gestão Ambiental? Foi essa pergunta que meus colegas me fizeram, dando risadinhas irônicas. “Vai ensinar que não se deve jogar lixo no chão? Vai espernear com alguém que arranca florzinhas?” Respostas desse gênero saíram da boca dos meus colegas. Puros ignorantes. Quero melhorar a vida das pessoas. Ajudar, de algum jeito, as pessoas. Virar o sistema de pernas para o ar até que ele se torne útil. Como estudar o Meio Ambiente pode me ajudar? Vamos exemplificar...
Estudei, por exemplo, no ano passado, a importância de se ter um espaço para que o verde seja preservado. Até visitamos um pedaço da Mata Atlântica numa excursão. O solo das florestas absorve a água dos solos, impedindo que ela fique acumulada na superfície. Se tudo estivesse asfaltado, a água ficaria acumulada na superfície, provocando enxurradas. É o que acontece com São Paulo, uma região com inúmeras favelas, onde o verde perdeu seu espaço para o concreto. A cidade devorou os ecossistemas naturais. Inúmeras vidas são tomadas pelas enxurradas. Estradas construídas sem nenhum planejamento não permitem que o trânsito desafogue, trazendo transtorno, irritação, poluição e acidentes. Já que favelas não contam com tratamento adequado de esgoto, toda a carga poluidora, ou melhor, as fezes e a urina contaminam a água dos rios, riachos e ninguém se importa. Baile Funk, tiroteio, pichação, televisão e a cocaína são os assuntos que realmente interessam. Prédios construídos em locais inadequados obstruem o fluxo de ar quente, fazendo com que a temperatura suba muito e diminuindo a qualidade de vida das pessoas. Cidade grande, lugar construído de qualquer jeito é sinônima de desconforto térmico, enxurradas, muita violência, poluição, pouco verde e muito stress. Um educador ambiental tem diversos compromissos para melhorar a sociedade. Um deles é com a educação sexual. Ensinar que para se fazer sexo, é preciso ter responsabilidade e usar camisinha. Uma lição para ser mencionada nas escolas, nas favelas e nas próprias famílias. Só pode ter filhos aqueles com condições de educá-lo e amá-lo. O crescimento populacional será desacelerado. Menos gente significa menos casas, menos concreto, menos cidade, menos trânsito, mais verde, mais ar puro, menos enxurradas e mais qualidade de vida. Prédios construídos em locais estratégicos evitam que o ar quente seja obstruído. Não defendo o aborto. Defendo uma nova forma de organizar a cidade.
A idéia de que o desenvolvimento urbano, econômico e social precisa ser acompanhado com a educação ambiental é o primeiro passo para um mundo melhor. Quero trabalhar nisso. O problema, claro, é que meu blog não é famoso. Por isso, meu amigo (a), te peço, se você ler meus textos, não deixe de comentar. Elogie. Critique. Reclame. Xingue e ofenda... Mas, não deixe de demonstrar que leu, gostou ou não. A idéia precisa ganhar fama... E me incomoda muito saber que algo tão bom seja tão desconhecido, enquanto Big Brother, novela das 8, e demais celebridades capturam toda a atenção em torno de suas futilidades.
terça-feira, 23 de março de 2010
domingo, 14 de março de 2010
Criticando Felipe Gruetzmacher
Hoje, é um dia especial. O número de visitas chegou ao número 1000. Se isso é bom para a divulgação das minhas idéias? Não sei. Minha escrita pouco fez pelo meio ambiente. Mesmo assim, é um pequeno grande passo. Em direção de quê? Não sei. Só continuo a protestar. Felipe Gruetzmacher será, dessa vez, o alvo das minhas alfinetadas. Eu, Felipe Gruetzmacher, dessa vez, não vou criticar o mundo lá fora. Critico o que penso e o que escrevo. Uma auto-crítica. Para os desavisados, eu sou membro da SEB, a Sociedade dos Escritores Blumenauenses. E o que isso tem a ver com o Efeito Estufa, o derretimento das calotas polares e o ambientalismo? Logo, chegaremos lá. De vez em quando, nós nos reunimos para discutir literatura, técnicas de produção de texto e filosofias. Num desses encontros, dois contos escritos por mim foram alvos de críticas por parte dos meus colegas sebianos.
Conto 1: O último vôo de um Beija-Flor.
O dia amanheceu cinzento naquela segunda-feira, comecinho de semana. Travestis rodopiando suas respectivas bolsinhas, esgoto mal cheiroso correndo a céu aberto e pulmões devorando a fumaça dos baseados ao serem tragados compõe o cenário. É uma favela. Situada em algum morro carioca. Realidade. Bruta. Cruel. Verdadeira e sincera. Quem testemunha o desenrolar da história são os olhos do protagonista, um menininho. A idade dele? Pouco importa. Basta saber que ele não passa de um moleque. O nome dele? Nem interessa. O que é preciso saber é o apelido dele. Beija-Flor. Pode parecer uma coisa inocente... Mas é uma gíria usada pelo tráfico para designar garotos ou garotas responsáveis pelo transporte de drogas.
Um Beija-Flor voa e vai enamorando as flores por estar conduzido pelo instinto, por sua própria natureza. E por que o garoto, outro tipo de beija-flor, alça seu vôo pelas trilhas da favela, distribuindo cocaína? Instinto? Falta de escolha? E lá vai o nosso beija-flor, com algumas moedas no bolso esquerdo, fruto de horas engraxando sapatos e no direito, balas coloridas. Belas balas coloridas entorpecentes. Outro beija-flor aparece. Um membro de alguma gangue rival. Dois bandos de beija-flores, inimigos um do outro... A diferença é que eles não competem pelo direito de enamorar um maior número de flores... O dedo do rival endurece no gatilho, até pressioná-lo. Um tiro. Uma rajada de metralhadora alcança o beija-flor por trás, enquanto toda uma vida o atinge pela frente. O beija-flor, que nunca beijou nenhuma flor, termina seu vôo. As garras do vício, da bruta realidade e do crime envolvem mais um pássaro. E nunca mais soltaram.
Conto 2: Retratos Urbanos:
Começa com uma ida ao banheiro seguida por uma descarga. É conduzido por um labirinto de tubulações até o esgoto. Chega ao rio. Não é preciso nomear a coisa, o assunto mencionado pelas minhas letras. Deixo tudo subentendido através da sutileza. Para não parecer grosseiro, é melhor que fique assim. É irônico perceber que não há nenhum protagonista nesse curto conto, já que o conto fala algo que você poderia, provavelmente, descrever com inúmeros palavrões. Histórias, inúmeras histórias acontecem paralelamente. A chegada de uma ninhada de ratos atraídos pelo esgoto, o “ziguezague” feito pelo vôo esvoaçante das moscas seduzidas pelo odor mal cheiroso e toda uma biologia, inúmeras espécies de bactérias se desenvolvendo nos negros líquidos do rio revelam uma cidade descompromissada como meio ambiente presente dentro do seio dessa selva cinzenta de concreto. Pouco parece, mas tudo está interligado. Uma ida ao banheiro, ratos, vôo de meia dúzia de moscas e as proliferações de bactérias no rio podem sugerir muita coisa. Um assunto banal e até inusitado como uma descarga feita no banheiro nos mostram um triste retrato do nosso retrato urbano e do subdesenvolvimento...
Dei a entender, no segundo conto, que critico a falta de respeito com o ambiente e dou toda a razão aos ambientalistas. Porém, literatura é diferente de expor opiniões. Ela não julga, condena ou defende. Por melhor que fosse o argumento, caí na armadilha do moralismo. Já o primeiro conto é mais bem escrito. Deixo que as letras apresentem a realidade, sem nenhum julgamento. Não passo a mão na cabeça do “beija-flor”, defendendo-o e argumentando que ele é vítima de uma sociedade injusta. Ao mesmo tempo, deixo de chamá-lo de monstro.
Graças às criticas dos sebianos, minha literatura amadureceu e deixou de ser moralista e hipócrita. Algo assim deveria ser ensinado nas escolas. É bom, por exemplo, que o professor de química ensine que a presença de gases poluentes na atmosfera são os responsáveis pelo aparecimento de inúmeras doenças. Um estudo feito em Pittsburg (EUA), em 1993, estimou que cada habitante gasta 20 dólares se tratando de doenças por ano. Faça as contas, multiplique o valor pelo número de habitantes e você terá um prejuízo monstruoso. O professor de geografia poderia contribuir com o assunto, falando sobre como os ventos e demais fenômenos atmosféricos ajudam a espalhar os poluentes. Isso faz com que o aluno percebe que cada disciplina possui um pouco de educação ambiental e assim, aos poucos, mobilizaremos a sociedade em nome da causa ambiental. Lindo. Contudo, algumas vezes, não é economicamente viável tentar poluir menos e não é qualquer quantidade de substância poluente que desencadeia problemas de saúde. Então, as empresas não são tão “inimigas do meio ambiente”. Cito outro exemplo. Impedir que agricultores derrubem centenas de árvores para transformar tudo numa área cultivável não é solução para nada. Agiríamos como ambientalistas loucos. Precisamos de árvores, assim como precisamos de alimentos. O professor de sociologia poderia explicar o porquê de haver tanta fome no mundo, mesmo com o planeta conseguindo produzir alimentos para todos. Reforço a idéia de que educação ambiental faz parte de qualquer ciência. Poderíamos ensinar, aos agricultores, técnicas de cultivo para aumentar a produtividade do solo e evitar que novas árvores precisem dar lugar às plantações, já que plantar de modo incorreto significa deixar o solo infértil. Desenvolver consciência ecológica é importante... Assim como o senso crítico para que o próprio movimento ambientalista seja alvo de críticas positivas. E aproveitando, deixo o link de algumas páginas virtuais dos meus irmãos e irmãs da SEB:
http://cassianeschmidt.blogspot.com
www.site.pop.com.br/aguia2
www.blogdaoktober.blogspot.com
http://www.supertextos.com/autor/ricbrandes
http://www.fotolog.com.br/folhetimvirtual
www.ninholiterario.com.br
http://agualento-isneldaweise.blogspot.com
http://bibliotecaleituraepesquisa.blogspot.com/
www.tchello.art.br
http://tchellodbarros-contosecronicas.blogspot.com
http://www.youtube.com/user/tchellod7barros
http://www.tchellodbarros-poesiavisual.blogspot.com
http://tchellodbarros-literaturainfantil.blogspot.com
http://tchellodbarros-poemas.blogspot.com
http://blogdaseb.blogspot.com/
Conto 1: O último vôo de um Beija-Flor.
O dia amanheceu cinzento naquela segunda-feira, comecinho de semana. Travestis rodopiando suas respectivas bolsinhas, esgoto mal cheiroso correndo a céu aberto e pulmões devorando a fumaça dos baseados ao serem tragados compõe o cenário. É uma favela. Situada em algum morro carioca. Realidade. Bruta. Cruel. Verdadeira e sincera. Quem testemunha o desenrolar da história são os olhos do protagonista, um menininho. A idade dele? Pouco importa. Basta saber que ele não passa de um moleque. O nome dele? Nem interessa. O que é preciso saber é o apelido dele. Beija-Flor. Pode parecer uma coisa inocente... Mas é uma gíria usada pelo tráfico para designar garotos ou garotas responsáveis pelo transporte de drogas.
Um Beija-Flor voa e vai enamorando as flores por estar conduzido pelo instinto, por sua própria natureza. E por que o garoto, outro tipo de beija-flor, alça seu vôo pelas trilhas da favela, distribuindo cocaína? Instinto? Falta de escolha? E lá vai o nosso beija-flor, com algumas moedas no bolso esquerdo, fruto de horas engraxando sapatos e no direito, balas coloridas. Belas balas coloridas entorpecentes. Outro beija-flor aparece. Um membro de alguma gangue rival. Dois bandos de beija-flores, inimigos um do outro... A diferença é que eles não competem pelo direito de enamorar um maior número de flores... O dedo do rival endurece no gatilho, até pressioná-lo. Um tiro. Uma rajada de metralhadora alcança o beija-flor por trás, enquanto toda uma vida o atinge pela frente. O beija-flor, que nunca beijou nenhuma flor, termina seu vôo. As garras do vício, da bruta realidade e do crime envolvem mais um pássaro. E nunca mais soltaram.
Conto 2: Retratos Urbanos:
Começa com uma ida ao banheiro seguida por uma descarga. É conduzido por um labirinto de tubulações até o esgoto. Chega ao rio. Não é preciso nomear a coisa, o assunto mencionado pelas minhas letras. Deixo tudo subentendido através da sutileza. Para não parecer grosseiro, é melhor que fique assim. É irônico perceber que não há nenhum protagonista nesse curto conto, já que o conto fala algo que você poderia, provavelmente, descrever com inúmeros palavrões. Histórias, inúmeras histórias acontecem paralelamente. A chegada de uma ninhada de ratos atraídos pelo esgoto, o “ziguezague” feito pelo vôo esvoaçante das moscas seduzidas pelo odor mal cheiroso e toda uma biologia, inúmeras espécies de bactérias se desenvolvendo nos negros líquidos do rio revelam uma cidade descompromissada como meio ambiente presente dentro do seio dessa selva cinzenta de concreto. Pouco parece, mas tudo está interligado. Uma ida ao banheiro, ratos, vôo de meia dúzia de moscas e as proliferações de bactérias no rio podem sugerir muita coisa. Um assunto banal e até inusitado como uma descarga feita no banheiro nos mostram um triste retrato do nosso retrato urbano e do subdesenvolvimento...
Dei a entender, no segundo conto, que critico a falta de respeito com o ambiente e dou toda a razão aos ambientalistas. Porém, literatura é diferente de expor opiniões. Ela não julga, condena ou defende. Por melhor que fosse o argumento, caí na armadilha do moralismo. Já o primeiro conto é mais bem escrito. Deixo que as letras apresentem a realidade, sem nenhum julgamento. Não passo a mão na cabeça do “beija-flor”, defendendo-o e argumentando que ele é vítima de uma sociedade injusta. Ao mesmo tempo, deixo de chamá-lo de monstro.
Graças às criticas dos sebianos, minha literatura amadureceu e deixou de ser moralista e hipócrita. Algo assim deveria ser ensinado nas escolas. É bom, por exemplo, que o professor de química ensine que a presença de gases poluentes na atmosfera são os responsáveis pelo aparecimento de inúmeras doenças. Um estudo feito em Pittsburg (EUA), em 1993, estimou que cada habitante gasta 20 dólares se tratando de doenças por ano. Faça as contas, multiplique o valor pelo número de habitantes e você terá um prejuízo monstruoso. O professor de geografia poderia contribuir com o assunto, falando sobre como os ventos e demais fenômenos atmosféricos ajudam a espalhar os poluentes. Isso faz com que o aluno percebe que cada disciplina possui um pouco de educação ambiental e assim, aos poucos, mobilizaremos a sociedade em nome da causa ambiental. Lindo. Contudo, algumas vezes, não é economicamente viável tentar poluir menos e não é qualquer quantidade de substância poluente que desencadeia problemas de saúde. Então, as empresas não são tão “inimigas do meio ambiente”. Cito outro exemplo. Impedir que agricultores derrubem centenas de árvores para transformar tudo numa área cultivável não é solução para nada. Agiríamos como ambientalistas loucos. Precisamos de árvores, assim como precisamos de alimentos. O professor de sociologia poderia explicar o porquê de haver tanta fome no mundo, mesmo com o planeta conseguindo produzir alimentos para todos. Reforço a idéia de que educação ambiental faz parte de qualquer ciência. Poderíamos ensinar, aos agricultores, técnicas de cultivo para aumentar a produtividade do solo e evitar que novas árvores precisem dar lugar às plantações, já que plantar de modo incorreto significa deixar o solo infértil. Desenvolver consciência ecológica é importante... Assim como o senso crítico para que o próprio movimento ambientalista seja alvo de críticas positivas. E aproveitando, deixo o link de algumas páginas virtuais dos meus irmãos e irmãs da SEB:
http://cassianeschmidt.blogspot.com
www.site.pop.com.br/aguia2
www.blogdaoktober.blogspot.com
http://www.supertextos.com/autor/ricbrandes
http://www.fotolog.com.br/folhetimvirtual
www.ninholiterario.com.br
http://agualento-isneldaweise.blogspot.com
http://bibliotecaleituraepesquisa.blogspot.com/
www.tchello.art.br
http://tchellodbarros-contosecronicas.blogspot.com
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terça-feira, 9 de março de 2010
Analfabetismo Ambiental:
O vídeo que você acabou de assistir é um pedaço do pronunciamento de Dilma Rousseff na COP 15. Ela quer ser presidente. E exemplifica muito bem como é difícil entender o que é o desenvolvimento sustentado. Não julgo se ela é a melhor ou a pior candidata para a presidência. Apenas critico a infeliz confusão feita por ela durante o discurso. Como num efeito dominó, as palavras dela provocaram terríveis conseqüências. Há ainda muita gente se confundindo com o significado do termo "sustentabilidade."
Que diferença faz se Dilma é apoiada pelo Lula ou se Marina Silva é militante da causa ambiental ou o histórico político de José Serra? O que deixo bem claro é o seguinte:
Não importa o candidato, as idéias defendidas por ele ou se ele é de esquerda ou de direita. O que importa é que ele trabalhe. Não importa se o gato seja preto ou branco, contando que ele mate ratos. O que mais importa para um candidato é a inteligência dele. Agora, por que insistimos em escolher o candidato errado? O que é um bom candidato?
Já sabemos que o bom candidato é inteligente. Muito inteligente. Desconfie, por exemplo, daquele candidato que promete emprego para todos. Ele até pode conseguir a tal façanha e ser um político honesto. O bom caráter é importante. Mas não é tudo. Do que adianta políticos honestos se eles são enganados pelos “tubarões de colarinho branco”? Vamos exemplificar?
A) Existe certa comunidade bem pobre. O governo, querendo gerar empregabilidade naquela região, monta uma indústria têxtil. Ótimo. Agora, todos têm emprego. E daí? É suficiente para que a comunidade saía do subdesenvolvimento? Os empregos de lá são realmente bons? Indústria têxtil precisa de muita água para funcionar. Toda essa água, no final do processo produtivo, vai voltar para o mesmo rio onde foi captado. Alguém parou para pensar que instalar essa empresa naquela região significa poluir as águas do rio no momento em que o esgoto industrial (água usada na produção) é descartado? A qualidade de vida caiu. Muitas pessoas ficam doentes. Outras morrem. Típico cenário de comunidade carente. O presidente da empresa nem pensa em investir em tratamento de águas. É perda de dinheiro. Os trabalhadores braçais não ganham aumento e nem promoção. Nem podem opinar ou sugerir melhoras na empresa. Imagine que um dos setores da empresa entre em greve por causa de um ar-condicionado quebrado num verão onde a temperatura sobe até aos 40°C. Ficar trabalhando algumas horas por dia debaixo de um calor infernal é crueldade. Sugerem a instalação de ar-condicionado. Entram em greve. O patrão não aceita as reivindicações, sugestões ou opiniões. No fim, os incomodados são demitidos. É o que acontece na maior parte das indústrias. A ganância na forma de empresários engravatados segue aquela velha filosofia do positivismo. Ou seja, para que haja progresso, cada pequena parte deve desempenhar sua função e nunca questionar nada. O raciocínio é sempre o mesmo: o patrão tem sempre razão e os empregados insatisfeitos sempre encontram alguma desculpa para entrar em greve. Trabalhar honestamente não significa crescer economicamente. Ao menos, não aqui no Brasil, o país dos impostos, dos poucos ricos e muitos pobres. Estão percebendo? O candidato, na maior das boas intenções, gerou emprego para todos. Só que ele não se perguntou qual é o tipo de emprego ou quais são as conseqüências ambientais e sociais para a comunidade. É por isso que no Brasil, poucos enriquecem e muitos empobrecem.
B) Agora, vamos observar a mesma situação por outro ângulo. A mesma indústria investe nas tecnologias para tratar a água. A qualidade ambiental e da vida das pessoas aumenta. O dono da empresa investe, também, no potencial humano. Paga mais para aquele funcionário que trabalha mais ou que apresenta alguma solução inovadora. Aos poucos, a empresa vai se transformando num local onde as pessoas são promovidas, ganham cada vez mais e sugestões são ouvidas, discutidas e acatadas. É ou não é bom trabalhar lá? Isso é que estimula o crescimento profissional. E se de repente, algum funcionário sugerir, para o dono da empresa, algo totalmente novo? Já pensou que bom seria se os filhos dos funcionários visitassem a empresa para aprender, por exemplo, a importância de se conhecer o que é a densidade, um assunto bem chato da química, para se tratar a água? Ver como a química pode ser trabalhada não estimula o interesse da criançada? Os retalhos (pedaços de pano que sobram do processo produtivo) poderiam servir como matéria-prima para feiras de reciclagem organizadas dentro da escola. Passeios ciclísticos envolvendo próximos do rio usado para captar água serviriam para que o estudante compreendesse que indústria não é sinônimo de poluição, afinal, toda água usada é tratada. Vê? A empresa, a comunidade, a escola, os funcionários, as pessoas e o meio ambiente se tornam um só e vão progredindo juntos. Isso é desenvolvimento sustentável.
Político precisa enxergar a totalidade, compreender que a sociedade, a indústria e o meio ambiente interagem entre si.
Quer saber? Por enquanto, não escolhi meu candidato. Não defendo ninguém. Apenas critico a desonestidade e a inocência de certos políticos honestos com o rabo preso com os “grandes tubarões de colarinho branco.”
domingo, 7 de março de 2010
sexta-feira, 5 de março de 2010
Auto-Ajuda e Meio Ambiente
Nunca antes na história da literatura se escreveu e se comprou tantos livros de auto-ajuda como nos dias atuais. Por quê? E o que isso tem a ver com Educação Ambiental? O objetivo do blog não é apresentar o meio ambiente através de um ângulo diferente? Pois é...
Vamos começar por esse caminho.
Paulo Coelho, Spencer Johnson, Rhonda Byrne, Tania Zagury, Içami Tiba, Augusto Cury e os demais autores têm um incrível talento. Eles conseguem pegar uma a frase “nunca se deve desistir dos seus sonhos” e dessa grande obviedade, escrever um livro de centenas de páginas. E ganham oceanos de dinheiro com isso! Será que ninguém percebe o quanto todas aquelas páginas são óbvias, simples e bobas? Vamos tentar entender o que isso tem a ver com educação ambiental?
A primeira coisa que meu pai me falou quando entrei no colégio foi “estude para ter um bom emprego.” As marcas das nossas roupas, o diploma da faculdade, a gravata, a conta bancária e o carro na garagem definem se a pessoa é boa ou não. O “sucesso” é algo para ser cultuado como um Deus. Cursos técnicos, faculdades, escolas, cursinhos, família, amigos, nossa filosofia materialista e a sociedade em geral nos transformam em cachorros perseguindo o próprio rabo, ou seja, o tal do “sucesso”. E a maior parte das pessoas paga para ler que o sucesso está ao alcance de todos. E ninguém sabe, até hoje, o que é isso. Não foi apresentado a esse tal de “sucesso”. Uns dizem que é a felicidade e se aceitar do jeito que se é. Outros dizem que é dinheiro. E assim vai. Como correr atrás de algo tão estúpido e vago? Bom, não é à toa que a depressão, o stress e a falta de esperança afligem muita gente nesses dias atuais.
A fórmula dos livros de auto ajuda são sempre os mesmos. Um bom emprego, um ótimo salário, um marido perfeito ou uma esposa dedicada e a felicidade podem ser realidade, desde que a fé seja sincera. É o resumo de qualquer livro de auto-ajuda. O grande sucesso dessa literatura vazia, fraca e superficial é um sintoma de um grande mal da sociedade. Estamos cada vez mais egoístas e iludidos. Acreditamos que o mundo gira em torno do nosso umbigo.
E o que isso tem a ver com meio ambiente?
Vemos, por exemplo, nos noticiários que o fantasma da pobreza ainda persiste e crianças passam fome. E não fazemos nada, além de falar algo como “não há mais saída”. E como faremos, se estamos acorrentados a uma rotina, a uma jornada de trabalho e a busca pelo "sucesso"? Somos pessoas normais sem nenhum poder para mudar as coisas? Ou estamos sendo “programados” para pensar desse modo através de uma sociedade que cultua o sucesso, a literatura da auto-ajuda com suas frases pouco profundas, uma escola despreparada para formar cidadãos atuantes e que prefere orientar as pessoas para serem meros trabalhadores sem senso crítico? Sem dúvida, precisamos de uma grande e enorme mudança.
Poderíamos reformular os conteúdos aprendidos na escola. Imagine uma aula sobre educação ambiental. Numa aula, o professor poderia falar sobre bioquímica, ecologia, política e história:
“Caros alunos, vocês vivem me perguntando para que serve a química e a biologia. Pois é... A faixa do pH, um assunto da química, precisa ser entendido por um profissional que trabalha na área de despoluir águas. Toda e qualquer indústria precisa de água para poder funcionar e para isso, a água captada precisa estar numa faixa de pH ideal. Se estiver muito baixo, significa que ela é ácida e pode corroer tubulações. Se ela estiver muito alta, pode provocar incrustamento. Depois que essa água foi usada nos processos produtivos, por exemplo, para tingir malhas numa indústria têxtil, ela precisa passar por um tanque cheio de bactérias e estas irão degradar a matéria orgânica (carga poluidora). Em outras palavras, as bactérias irão “comer” toda a “sujeira”, afinal, durante o processo produtivo, litros de produtos químicos foram despejados. É o tal do tratamento biológico. E depois, essa água pode ser novamente reaproveitada ou descartada no rio. Um cidade que investe nesse tipo de tratamento pode contribuir e muito para a saúde das pessoas, do meio ambiente, melhorar a qualidade de vida das pessoas e economizar em setores como saúde (já que água tratada é sinônimo de vida). Os romanos, por exemplo, escolhiam seus governantes pelo modo como eles administravam a água. Alguns dos Estados brasileiros ainda pecam nesse quesito. Água poluída não serve para agricultura e isso empobrece as áreas rurais, prejudica a produção de alimentos, traz fome, doenças, contamina, não pode ser aproveitada pelas indústrias e impede o progresso econômico. Essa má administração dos recursos naturais, a falta de fiscalização e de boa vontade política são os responsáveis por isso.
O objetivo da aula de hoje é conhecer os tipos de bactérias usadas no tratamento biológico, os cálculos para calcular o pH ideal e as melhorias que uma cidade pode obter se houver um bom tratamento. Vamos aprender como se trabalha por um meio ambiente melhor. A escola ensina um pouco sobre tudo e onde esse pouco se aplica. Cabe a vocês se interessarem e se aprofundarem no assunto, sem se esquecer de compreender o todo. Só assim evitaremos fazer com que a escola forme químicos, biólogos e engenheiros químicos desempregados por não saber onde tudo aquilo aprendido se aplica.”
Educação ambiental não é uma disciplina. É uma aula sobre diversas ciências para que o aluno entenda que tudo está relacionado a meio ambiente e seu objetivo é fornecer informações de como o que se aprende na escola pode ser ocupado na prática para ganhar dinheiro num emprego e ao mesmo tempo, contribuir para o bem da sociedade. Todas as profissões, se bem aproveitadas, podem contribuir com o progresso econômico, a erradicação da fome, da ignorância e da violência. Bonito? Sim!
Então, joguem os livros de auto-ajuda fora. Preocupe-se mais com o meio ambiente (você faz parte dele) e não apenas com seu próprio umbigo.
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