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sábado, 24 de abril de 2010

Dê-me um pouco de esterco.

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O título do texto pode ser estranho, mas tem tudo a ver com o texto. Em primeiro lugar, assita o vídeo. Assistisse? Entendesse a letra da música? E o que um filminho com marionetes tem a ver com a questão ambiental? De acordo com a crítica social escondida nas entrelinhas musicadas, a classe média é aquela parte da sociedade manipulada pela imprensa, que acredita fielmente em tudo o que passa nas revistas, nos jornais e na mídia. Crendo que são melhores do que outros, afinal, são “quase ricos”, vivem das aparências, do consumo, da compra, do estilo e fazem de tudo para parecer, ao máximo, com as classes mais abastadas.
Pouco se importam com as condições das demais classes desfavorecidas e não dão à mínima se alguma enchente engolir uma favela inteira ou se por causa tráfico de drogas, inúmeras vidas estão sendo interrompidas. Eu discordo totalmente da letra da música. Em geral, todas as classes sociais são acomodadas, manipuladas pela mídia, inocentes por natureza e crentes no discurso de algum político corrupto. E não são assim porque querem. A cultura do Brasil é, infelizmente, conformista. Nós nos conformamos em receber ordens, obedecer cegamente e acreditar que estamos fazendo o máximo pelo bem da nação. “Alienação” é o nome que se dá para isso. Conformamos-nos em dizer “tomara que o senado exploda” quando ouvimos falar das falcatruas de algum político. E só. Por que estamos nessa posição de servidão cega?
Fomos educados para pensar assim. Na escola, por exemplo, eu aprendi somente a acatar ordens. Pronto. O esquema sempre era o mesmo. Puniam-se os maus elementos e recompensavam-se os melhores. Isso engessa a nossa capacidade criativa e o nosso senso crítico. Como diria Raul Seixas, a desobediência é uma virtude necessária à criatividade. Não quero dizer que devemos espalhar a anarquia e a desordem. Recompensar os mais inovadores, os ousados e criativos é a minha proposta. Cito, por exemplo, minha época de estudante dos anos anteriores, antes de eu começar na faculdade. Ouvia um “muito bem” do meu prefessor de Biologia do terceiro ano se eu falasse qual era a função do Complexo de Golgi. Para isso, decorava páginas e mais páginas do meu caderno, obedecia ao meu professor cegamente.
Agora, por que razão eu precisava decorar a função do Complexo de Golgi? Não sei. Um país melhor começa dentro da escola. Mas é necessário se perguntar de que forma é que nós estamos aprendendo. A educação deveria unir teoria e prática. Por exemplo, numa aula de biologia, o tema bem que poderia ser biodigestor. O agricultor pega o esterco produzido pelos animais de criação, mistura com água e armazena no tal do biodigestor. Pronto. As bactérias decompõem o esterco, isto é, transforma a carga orgânica em outras substâncias, como gás metano. Este gás pode ser usado como combustível para um fogão doméstico, por exemplo.
As bactérias, dentro do equipamento (biodigestor), são anaeróbicas. Isso significa que não precisam de oxigênio para exercer sobreviver. A decomposição do esterco, por ser anaeróbica, não produz maus odores. O que sobra desse processo é uma massa pastosa, sem nenhum cheiro, que é chamada de adubo biofertilizante. E esta substância é ótima para as plantas. O esterco também é uma forma de poluição. Quando é depositado em local inadequado, pode produzir maus odores, atrair doenças, contaminar solos, água e até o ar. Já conheço vários lugares onde o esterco de porcos se tornou um grave problema ambiental. E então... O que fazer com tanta porcaria? O biofertilizante é uma alternativa ao pesticida, herbicida e demais “cidas”. Faz a planta crescer, sem que precisar venenos químicos. A produtividade aumenta. O dinheiro é ganho e o meio ambiente é salvo. Através do exemplo do uso do biodigestor, entendemos melhor vários assuntos relacionados com a biologia, por exemplo, o ciclo de vida das bactérias anaeróbicas. Também serviu para fazer com que o aluno compreenda que a biologia tem uma utilidade prática. Um estudante pode se interessar em estudar agronomia, por exemplo, depois de perceber que o estudo possui alguma aplicação prática. E não termina só assim. Com cada vez mais pessoas se preocupando com a questão ecológica, o país melhora. Uma educação de boa qualidade, que significa empregabilidade, é um avanço na direção do progresso. O biodigestor, uma alternativa tecnológica para o problema da poluição, concilia o desenvolvimento econômico e o meio ambiente, auxilia na produtividade de alimentos, reduz o atraso e a pobreza no campo. A tecnologia, o conhecimento técnico e a educação profissionalizante são essenciais nesse mercado de trabalho competitivo. Toda a profissão, toda a pessoa pode contribuir para o desenvolvimento da nação, a erradicação da fome e das disparidades sociais. O segredo é estimular a rebeldia, o senso crítico, a criatividade, transformar a criança de hoje no cidadão atuante de amanhã.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Memória Curta

O que a corrupção, falsas promessas de políticos, a existência das favelas nos morros do Rio de Janeiro, a violência, o tráfico de drogas e o meio ambiente tem a ver? Fiz uma pesquisa para conhecer a ligação desses elementos descritos acima. Bom, não é novidade nenhuma que o Rio de Janeiro foi vitimado por uma terrível enchente nesse ano de 2010. Segundo minhas fontes, foram 219 mortos, 161 feridos, 11.562 desabrigados, 22 municípios afetados e 10,3 milhões de moradores atingidos. Foi uma catástrofe parecida com aquela que se abateu sobre Santa Catarina no sombrio ano de 2008. Segundo o IBGE, Em 1960, 1 em cada 10 cariocas vivia nas favelas. Atualmente, 1 em cada 5 moradores mora nas favelas. Muitas pessoas constroem barracos, casas e casebres nos morros cariocas e estes, por causa de seu formato acentuado, dão impulso à água da chuva, como num enorme “tobogã.” O solo dos morros do Rio de Janeiro é irregular, tem uma espessura de 1 a 2 metros de terra que cobrem as rochas subterrâneas e por esse motivo, essa fina camada não consegue absorver a água da chuva que corre morro abaixo, levando casas, terras, construções, rochas e vidas humanas. Quando um ambientalista ou algum geólogo buzina nos ouvidos das autoridades que construir casas em cima dos morros e encostas como acontece com a favela da Rocinha, por exemplo, eles são taxados como “eco-chatos”. Agora, por que as pessoas insistem em moras nas favelas? O que isso tem a ver com os demais problemas citados acima? No Rio de Janeiro, os barracos começaram a brotar os anos 80 e nenhum governante preocupou-se em fiscalizar. Não havia estudos sobre de que modo o meio ambiente poderia ser afetado ou se a área era segura para ser habitada. Os políticos, querendo mais e mais votos, preocuparam-se em apenas conquistar a confiança da população. Então, asfaltaram as ruas, forneceram energia elétrica e água encanada. Com tantas melhorias, a favela atraiu as pessoas como moscas no mel. As favelas cresceram em tamanho e muitos morros foram ocupados. Estamos sentindo as conseqüências só agora. Nos anos 50, por exemplo, por causa da chegada de muitos nordestinos, a população das favelas cresceu assustadoramente, como se construir esse tipo moradia fosse sinônimo de progresso para a cidade. Darcy Ribeiro, que foi um vice-governador, chegou ao cúmulo de dizer “Favela não é problema, é solução.” Leitor, desconfie dos atos dos políticos. A maioria só está manipulando o eleitorado com promessas vazias e obras inúteis. Bom político é aquele que sabe trazer o progresso, sem que isso agrida o meio ambiente. Há uma única (e barata) solução para esse problema. A cidade precisa ser urbanizada de modo sustentável. Seguir o que os ambientalistas dizem, não construir mais em áreas de riscos. Legalizar os imóveis, ou melhor, construir com a autorização da prefeitura e de engenheiros competentes. Senão, a situação permanecerá no informal, ou seja, a prefeitura não terá meios para fiscalizar e desse modo, dá-se chance para toda e qualquer tipo de atividade ilegal como o tráfico de drogas.
É não é o que acontece nas favelas? Pois é... Há locais onde nem a polícia tem coragem para entrar, afinal, o poder pertence aos criminosos. São eles que fiscalizam, ditam as regras e comandam. Outras soluções seriam o uso de radares meteorológicos para monitorar as tempestades, construir boas galerias pluviais para dragar a água e etc. Isso seria um trabalho para engenheiros e meteorologistas preocupados com a questão ambiental, ou seja, de fazer com que a estrutura da cidade se adéqüe a natureza. Deveríamos ensinar educação ambiental nas escolas para moldar a mentalidade das futuras gerações e desse modo, impedir que políticos incompetentes sejam eleitos pelo eleitorado inocente. O que mais dói é que Santa Catarina sofreu do mesmo mal no ano 2008 e não aprendemos NADA com isso. O maior problema do brasileiro é a memória curta.